quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

30 de junho

 30 de junho


1791 – Guaicurus recebem carta patente


Guaicurus, os senhores do Pantanal

Os chefes guaicurus Queima e Emavidi Xané são agraciados com carta patente do governo português:

João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, do conselho de S. M. cavaleiro da ordem de S. João de Malta, governador e capitão general das capitanias de Mato Grosso e Cuiabá, &. Faço saber aos que esta minha carta patente virem, que tendo a nação dos índios Guaicurus ou Cavaleiros solenemente contratado perpétua paz e amizade com os portugueses, por um termo judicialmente feito, no qual os chefes João Queima de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, em nome de sua nação, se sujeitaram e protestaram uma cega obediência às leis de S. M., para serem de hoje em diante reconhecidos como vassalos da mesma senhora: mando e ordeno a todos os magistrados, oficiais de justiça e guerra, comandantes e mais pessoas de todos os domínios de S. M., os reconheçam, tratem e auxiliem com todas as demonstrações de amizade. E para firmeza do referido lhes mandei passar a presente carta patente, por mim assinada e selada com o sinete das minhas armas. Nesta capital de Vila Bela, aos 30 de junho de 1791. – João de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres.


No dia seguinte era celebrado termo de paz entre o governo português e os guaicurus.

FONTE: Carlos Francisco Moura, O Forte de Coimbra, Edições da UFMT, Cuiabá,1975, página 79.


30 de junho

1902 - Campo Grande declara neutralidade na eleição estadual

Políticos de todos os partidos, publicam manifesto, onde explicam que não serão hostis ao governo mas que também não prometem coisa alguma, declaram neutralidade do município para a eleição que em 1903, elegeria Totó Paes para o governo do Estado. O documento dos líderes campograndenses aponta várias razões para manter a cidade distante das disputas eleitorais, destacando as "sucessivas alterações da ordem pública em todo o Estado, os fatos lamentáveis ocorridos devido às revoluções, implantadas especialmente aqui no sul desde 1890 e 1900". Entendiam que tais episódios "tem acentuado de tal modo uma má impressão entre nós. Esta situação tem nos levado a deixar de acreditar na tranquilidade almejada. Estamos desgostosos do lugar onde vivemos, fundamos nossas propriedades, constituímos família e acumulamos as nossas economias".

Mais adiante, questionam: "Por que não desfrutamos de plena paz? Por que a ação do governo não se faz chegar até aqui? Se os bandidos invadem as nossas propriedades, roubam o fruto do nosso trabalho, não temos a quem providências", ao que respondem:

"Se queremos defender os nossos interesses, somos obrigados a usar dos meios ao nosso alcance e com eles perseguimos os malfeitores. Isso é o que tem acontecido".

Por fim, os manifestantes colocam sua posição diante do pleito eleitoral:

"Até hoje Campo Grande não tem tomado parte em movimentos revolucionários e tem conseguido manter-se na neutralidade. E alegra-nos inteiramente poder subscrevermos que, até esta data, não há divergência de opinião entre os habitantes dessa localidade. Em breve haverá a eleição para presidente e vice-presidente do Estado e deputados estaduais. E para que não diga que tomamos uma deliberação de última hora, antecipadamente cumprimos o dever de cientificar-vos que resolvemos não concorrer para as referidas eleições. Estamos ao lado do governo atual (Coronel Antonio Pedro Alves de Barros) e demais autoridades legitimamente constituídas. Não seremos em circunstância alguma hostis ao governo e nem também podemos lhe prometer coisa alguma".

São seus signatários, Antonio Firmino de Novais, Vicente Alves Arantes Tultuna, Amando de Oliveira, Bernardo Franco Baís, Joaquim Guilherme Almeida, Sebastião Lima, Salustiano Costa Lima, Antonio Norberto de Almeida, Augusto Marino de Oliveira, Manoel Rodrigues Pereira Neiva, Joaquim Alves Pereira, Francisco Sebastão, João Carlos Sebastião, Manoel Joaquim de Carvalho, José Antonio da Silva, José Ignacio de Souza, Venâncio Theodoro de Carvalho "e seguem assinatura de muitos eleitores do distrito".

Deixaram de subscrevê-lo o intendente geral (prefeito) do município, Francisco Mestre e os vereadores recém eleitos para a primeira legislatura: Jerônimo José de Santana, João Correa Leite, Manoel Ignacio de Souza, João Antunes da Silva e José Vieira Damas.

FONTE: A Reacção (Assunção, PY) 30 de outubro de 1902.


30 de junho

1905 – Telégrafo chega a Bela Vista


Major Rondon em seu acampamento em Bela Vista

Em menos de trinta dias, Rondon estende 61 quilômetros e 590 metros de linha telegráfica entre Margarida e Bela Vista, cuja estação inaugura, encerrando a ligação norte-sul:

“Não foi possível traçar um só alinhamento ligando aqueles dois pontos, porque extenso e formidável brejo se lhes interpunha. Foi necessário projetar diversos alinhamentos, a fim de contornar as cabeceiras do brejão, entre os córregos de Guaviara e Derrota”. ¹


Sobre esse fato, Sydney Nunes Leite acrescenta:

Em junho de 1905 foi assinado o contrato para a construção da casa da estação telegráfica de Bela Vista, entre o major Cândido Mariano da Silva Rondon, presidente da comissão construtora da linha telegráfica de Mato Grosso e Luciano Arcomanni, pela quantia de 21 contos de réis. Serviram de testemunhas do ato os senhores Gabriel de Almeida e Alfredo Pinto, conforme consta nos livros de notas do Cartório do 2° Ofício desta comarca.

O primeiro telegrafista da estação de Bela Vista foi o cidadão José Rodrigues de Assis, casado com Laura Almeida Assis.

Nos primeiros tempos existiam duas chefias nas repartição: agente do Correio e encarregado da Estação Telegráfica. Essas chefias eram exercidas por pessoas diferentes. Assim as pessoas que serão citadas pertencem a uma das chefias, sem identificar a qual delas pertenceu.

Eis alguns nomes:Ernesto Amâncio Torquato,Elvina Carneiro Fernandes (Noquinha) , João Leôncio de Araujo, João Paulo Correa, Claudio Otaviano da Silveira, Gregório de Melo, Balbino S. Couto, Bonifácio Ferreira da Silva, Conceição Brum Monteiro, Marcelina Fernandes Silveira, Gastão Deniz, Adriano M. Serra, Valério G.Nogueira, Geraldo Cardoso, Artemio Bachi Naveira, Feliciano Torres, Carlos Pinto de Almeida, Dauth Pinto de Almeida e tantos outros como o atual Ailton Carvalho Vieira.

O telégrafo instalado em nossa cidade, no distante ano de 1905, veio servir como meio mais rápido de comunicação dos pioneiros com a civilização, tirando em parte, do isolamento em que viviam do resto do país. Foi o marco da integração de nossa terra com o restante da Pátria.²


FONTE: ¹Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio de Janeiro, 1969. Página 193. ² Sydney Nunes Leite, Bela Vista uma viagem ao passado, edição do autor, Bela Vista, 1995, página 128.



30 de junho

1916 - Nasce José Barbosa Rodrigues, diretor do Correio do Estado



Nasce em Minas Gerais, José Barbosa Rodrigues. Ainda jovem, em companhia da esposa Henedina e do primeiro filho, José Maria, mudou-se para Ponta Porã, onde o casal exerceu o magistério. Em seguida mudou-se para Campo Grande. Iniciou suas atividades como professor primário numa escola rural na região do Ceroula, dando aulas para filhos de imigrantes japoneses. Para completar a renda familiar, trabalhou como zelador no "Jornal do Comercio", o único diário de Campo Grande na época, onde iniciou sua carreira como redator.

Em 1954, com a instalação do Correio do Estado, aceitou convite para dirigir o novo diário, de propriedade de um grupo político ligado à UDN, partido ao qual eram filiados José Fragelli, Lúdio Coelho, Wilson Barbosa Martins e outras importantes figuras do cenário político regional. Dois anos depois da fundação, J. Barbosa Rodrigues já era dono do jornal.

Além de empresário e jornalista, J. Barbosa Rodrigues foi escritor e historiador, membro da Academia Sul-Matogrossense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. Na área socioeducativa criou a Fundação Barbosa Rodrigues a Orquestra Jovem, em Campo Grande e o Museu de História do Pantanal em Corumbá.

Faleceu em 19 de março de 2003. 



FONTE: Correio do Estado, caderno Correio B, Campo Grande, 30/06/2016.



30 de junho

1934 – Assassinado prefeito de Ponta Porã 


Modesto Dauzacker e sua esposa Lola, em foto de 1932, no Campanário


Foi morto a tiro, o coronel Modesto Dauzacker, prefeito de Ponta Porã, a maior e mais importante cidade da fronteira Brasil-Paraguai. A ocorrência está sintetizada em telegrama do interventor federal do Estado ao presidente Getúlio Vargas:

Ontem, pela manhã, quando se dirigia prefeitura municipal, em uma rua de Ponta Porá foi brutalmente assassinado nosso valoroso amigo coronel Modesto Danzacker, prefeito daquele município. Criminoso preso flagrante não se sabendo até agora verdadeiro móvel delito. Levando tal fato conhecimento V. Exa. exprimo meu grande pesar pela perda irreparável tão dedicado auxiliar esta Interventoria.


O assassínio do prefeito teve repercussão nacional, conforme nota no Diário de Notícias (RJ), em sua edição de 22 de julho de 1934:

"Cuiabá, 14 de julho - (Do correspondente, por via aérea) - A 30 de junho último foi assassinado o prefeito de Ponta Porá, coronel Modesto Dauzacker, no memento em que se dirigia à prefeitura para despachar o expediente. Alvejado à queima-roupa, por Nelson Martins, foi atingido por dois projetis, um na boca, outro no coração, tendo morte instantânea. O criminoso foi preso em flagrante por um pelotão do 11° R.C.I., que estava em exercícios, sob o comando do tenente Pontes. O fato causou geral consternação. Foi aberto inquérito sob a presidência do promotor público. Atribui-se o móvel do crime à circunstância de haver sido Martins preterido na nomeação de agente fiscal de Guaíra".

Modesto Danzacker, que antes de assumir a prefeitura, foi administrador do Campanário, sede da Companhia Mate Larangeira, era homem da estreita confiança da empresa ervateira.



FONTE: Odaléa da Conceição Deniz Bianchini, A Companhia Matte Larangeira e a ocupação da terra do Sul de Mato Grosso, Editora UFMS, Campo Grande, 2000, página 158. 


30 de junho


2005 - Morre Oliva Enciso, a primeira mulher a se eleger vereadora em Campo Grande




Aos 96 anos, falece em Campo Grande a professora Oliva Enciso. Pantaneira da fazenda Taquaral, em Corumbá, nasceu a 7 de abril de 1909, filha de Santiago Enciso e Martinha Enciso, fez seus primeiros estudos no Colégio Maria Leite e no colégio das Irmãs em Corumbá. Com a morte do pai, em 1923, muda-se para Campo Grande e continua a estudar, matriculando-se no Colégio Spencer. Em 1925 é admitida no Insituto Pestalozzi. Em 1929 é aprovada no vestibular de Medicina da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas não concluiu o curso e retornou a Campo Grande, em 1932 e cursou Farmácia. Em 1938 concluiu o curso de normalista na Escola Normal Dom Bosco. 

No início da década de 50, assume em Mato Grosso a direção da Campanha Nacional dos Educandários Gratuitos (CENEC) e criou e dirigiu por muitos anos a Sociedade Miguel Couto dos Amigos do Estudante, por onde passaram mais de dez mil crianças e adolescentes. 

Na política, filiada à União Democrática Nacional (UDN), elegeu-se vereadora em Campo Grande em 1954, sendo a mais votada e exerceu o mandato de 1955 a 1959, quando elegeu-se deputada estadual, também com a maior votação do estado de Mato Grosso, sendo a pioneira nos dois mandatos. 
Escritora, publicou dois livros: Mato Grosso do Sul, Minha Terra (1986) e Palavras de Poesia (2004) e foi colaboradora constante do jornal Correio do Estado. Pertenceu à Academia Sulmatogrossense de Letras, ao Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul e ao Conselho de Educação de Mato Grosso (1964/69), sendo responsável pela aprovação da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Mato Grosso, em Campo Grande, embrião da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Foi homenageada com as seguintes denominações em Campo Grande: Escola Oliva Enciso (Bairro Tiradentes), Escola Cenista Oliva Enciso (avenida Afonso Pena) e rua Oliva Enciso (Mata do Jacinto) e em Cuiabá: sala da mulher matogrossense na Assembléia Legislativa.


FONTE: Maria da Glória Sá Rosa, Oliva Enciso - A mulher que imprimiu novos rumos a Mato Grosso do Sul, in Série Campo Grande Personalidades, Fundac/Arca, Campo Grande, 2005, página 10.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

31 de dezembro

 31 de dezembro


1866 - Camisão assume comando dos expedicionários de Laguna

Procedente de Cuiabá, chega a Miranda e assume o comando das forças brasileiras, o coronel Carlos Camisão. A primeira providência tomada pelo novo comandante foi alterar os planos de seu antecessor que havia definido o destino das tropas para Corumbá. Camisão decidiu tomar o rumo de Nioaque, tendo como objetivo a ocupação do Paraguai pelo rio Apa, com a tomada de Bella Vista.

Camisão substituiu o coronel Carvalho, que deixou o comando para responder a conselho de guerra em Cuiabá.

FONTE: Correio Mercantil, 27 de junho de 1867.


31 de dezembro

1915 – Nasce em Corumbá, José Fragelli

Filho do médico e político Nicolau Fragelli, nasce em Corumbá, José Manoel Fontanilhas Fragelli. Advogado, promotor público em Campo Grande, José Fragelli iniciou na política em 1947, elegendo-se deputado estadual constituinte, pela UDN, União Democrática Nacional, destacando-se como parlamentar, líder da oposição ao governador Arnaldo Estevão de Figueiredo. 

No governo seguinte, de Fernando Correa da Costa, foi secretário do Interior, Justiça e Finanças. Em 1954 elege-se deputado federal, tendo participado dos debates parlamentares do final da chamada era Vargas. Encerrado seu mandato federal, afasta-se da política e instala escritório de advocacia em Campo Grande. 

A 3 de outubro de 1970, por indicação da Arena, é escolhido para governar o Estado de Mato Grosso, em eleição indireta, substituindo ao governador Pedro Pedrossian, com quem rompe em seguida. 

Em 1978, na primeira eleição depois da divisão de Mato Grosso, candidata-se pelo Sul, a senador numa sub-legenda da Arena e, habilita-se à vaga de primeiro suplente, de acordo com a lei eleitoral vigente. Com o afastamento do titular, Pedro Pedrossian, que é nomeado para o governo do Estado, assume a vaga no Senado, chegando à presidência da Casa (1985/1987). Por alguns dias, na ausência do presidente da República e do presidente da Câmara dos Deputados, ocupou a presidência da República.

Deixando o Congresso, Fragelli aposentou-se da política e retornou ao seu refúgio em Aquidauana. Faleceu em Campo Grande em 30 de abril de 2010.


FONTERubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Mato-Grossense, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 70

30 de dezembro

 30 de dezembro



1864 - Portocarrero presta contas da retirada de Coimbra




O comandante do forte Coimbra, ocupado por forças paraguaias, Hermenegildo Portocarrero, envia relatório aos seus superiores sobre a resistência possível aos invasores e a evacuação da cidadela brasileira, entre 26 e 28 passados.

Portocarreiro inicia o documento sopesando a grande desvantagem entre as forças de ocupação e de resistência. Enquanto os paraguaios contavam com cerca de 5.000 homens, os brasileiros do forte e do navio Anhambahy, seu auxiliar, não chegavam combatentes, sem contar a falta de cartuchame. profundamente lamentada pelo comandante do forte:

"Terminada a mais vigorosa resistência de que venho de falar, aos ataques de escalada do dia 27 - relata o comandante - reconheci só existirem 2.500 cartuchos, tornou-se portanto mister que todas as mulheres que achavam homiziadas no interior do forte, em número de 70, fabricassem cartuchame para a infantaria durante toda a noit, sem dormirem um só instante, visto não poderem os soldadosdeixar por um momento os parapeitos/'.

A inferioridade das forças brasileiras é explicada pelo comandante, ainda tendo as mulheres como referência

Estas mulheres, que já há dois dias, como todos nós não comiam , nem dormiam, não podiam fazer novo cartuchame, por ser isto um esforço sobrenatural e mesmo invencível, tanto mais que em termo de comparação não se poderia contar gastar no dia seguinte menos do dobro do que se havia gastonaquela tarde.

Minada a resistência pelos seguidos ataques do inimigo - justifica o comandante - ter sido forçado "reunir em conselho a todos os oficiais, inclusive o bravo comandante do vapor Anhambahy, e resolveu-se que, sendo a falta de cartuchame de infantaria uma razão de força maior e uma dificuldade invencível, pelas razões acima mencionadas, acrescendo a de terem-se também acabado as balas de alarme 17, que serviam para a transformação acima referida, que abandonássemos o forte para não serem sacrificadas tantas vidas, salvando-se assim sua guarnição, e que isso se efetuasse sem perda de um instante, visto que o inimigo, já se achando nas posições novamente tomadas com forças frescas, podia engajar novo combate e nós teríamos de cessar o fogoao cabo de meia hora por total acabamento de cartuchame de infantaria, e o inimigo em todo o caso empossar-se do forte, levando a efeito sua carnificina'.

FONTE: Correio Mercantil, Rio, 19 de março de 1865.




30 de dezembro

1909 - Argentinos compram terras no Pantanal

Nos termos do decreto n° 7780, a empresa denominada Trust de Alto Paraguay, fundada em Buenos Aires em 1906, adquire vasta propriedade situada entre os rios Paraguai e Miranda: a Fazenda Rodrigo, com cerca de 385.000 hectares.


FONTEPaulo Cimó, As curvas do trem e os meandros do poderEditora UFMS, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1997, página 42

29 de dezembro

 29 de dezembro


1864 – Paraguaios atacam a colônia de Dourados

Monumento aos heróis da guerra do Paraguai, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro
Iniciando sua invasão ao território brasileiro, via terrestre, tropas comandadas por Martin Urbieta alcançam o forte de Dourados, então sob a chefia do tenente Antonio João Ribeiro, que “com apenas 16 homens enfrenta o inimigo em flagrante desigualdade de condição e com grande heroísmo, não se rende. Antes de tombar em holocausto à pátria, escreve o famoso bilhete que está gravado no monumento erguido em sua homenagem na Praia Vermelha no Rio de Janeiro:

“Sei que morro, mas o meu sangue e o dos meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha pátria”.


O comandante Martin Urbieta resumiu o episódio em relatório enviado no dia seguinte ao seu superior em Assunção:

Senhor Ministro:

Com o devido respeito tenho a honra de dar parte à V. E. de que em 29 do que expira, cheguei nesta colônia de Dourados sem que fosse percebido por nenhum indivíduo e sendo divisado à curta distância ouvi tocar uma chamada breve e, tomando armas, marchou o comandante com alguns homens de resguardo; o tenente de infantaria Manuel Martinez, que levava o ataque, lhe exigiu a rendição e respondeu o comandante brasileiro que em caso de trazer-lhe ordem do governo imperial, se renderia, senão, não o faria de nenhuma maneira.

Com esta resposta, pronto se travou o combate e o comandante de Dourados, tenente Antonio João Ribeiro, caiu com as primeiras balas, o mesmo com dois indivíduos mais, fugindo o restante o monte do riacho de onde foram reconhecidos em número de doze, incluindo um ferido e um cabo, havendo escapado os demais da guarnição com o 2° comandante.

Da tropa sob meu comando só o tenente Benigno Dias recebeu uma contusão e ferido um soldado de infantaria.

Tenho a honra de acompanhar à V.E. a conta de armas tomadas neste ponto.

Pelas declarações e pelos papéis tomados se vê que faz mais de dois meses que este ponto estava avisado de retirar-se quando alguma força paraguaia aparecesse, sendo, segundo parece, esta disposição geral nos outros destacamentos.

Deus guarde a V.E. muitos anos.

Colônia de Dourados, 30 de dezembro de 1864.

MARTIN URBIETA. 



FONTE: ¹Lélia Rita F. Ribeiro, Campo Grande, O Homem e a Terra, edição da autora, Campo Grande, sd, página 120; ²El Semanário, Assunção (PY) 7 de janeiro de 1865.


29 de dezembro

1864 - Paraguaios ocupam a colônia de Miranda

O comandante Francisco Resquin, à frente de coluna de combatentes de cavalaria e infantaria, ocupa a colônia de Miranda, pequena guarnição militar, localizada às margens do rio Miranda, nas proximidades da sede da fazenda Jardim, distante 80 quilômetros de Nioaque.

Em ofício dirigido ao seu superior em Assunção, o comandante da expedição paraguaia, descreve sua ação na colônia, durante a ocupação do termo, abandonado pela população e a guarnição do exército brasileiro:

Senhor Ministro:

Ontem ao por do sol, apenas atravessei o rio que chamam de Miranda, me apoderei da colônia sem encontrar nenhuma resistência, destinei 150 infantes ao mando do tenente Narcizo Rios e precedente ultimato de rendição, a população e tropa com o comandante fugiram para um monte contíguo, deixando abandonadas as casas, de maneira que até agora não temos ninguém, além de uma negra velha e uma senhora chamada Francisca Correa de Oliveira, que ao amanhecer de hoje foram encontradas no monte pelos monteadores que lhes mandaram dispersar por todas as direções, igualmente que aos cinco guardam que devem conter os fugitivos.

Sinto que escape talvez toda a tropa que guarnecia a população, mas de outro modo não poderia haver procedido,contando que esta gente havia estado apercebida para um caso semelhante de nossa parte, segundo o que relaciona dona Francisca, que há cerca de dois meses o comandante desta população havia recebido ordem do governo da província, como precaução de que a República do Paraguai poderia mover-se sobre estes territórios, encontrando-se em estado de completa quebra de relações com o Império, fazer o despovoamento da colônia e enviar aos departamentos acima as famílias, assim como a Miranda o que pertencer à guarnição, ficando com a gente de seu mando cuidar o ponto que devem abandonar tão logo que se saiba que o Paraguai marchava para estas fronteiras; e que assim algumas famílias e vários haveres haviam sido despachados em carretas, cuja prevenção também demonstra o fosso com três cordas da comprimento, duas varas de largura e vara e meia de profundidade, aberto em frente da povoação, como para defender os caminhos dos dois passos do rio.

Da adjunta relação que é tomada de Francisca Correa de Oliveira, que segundo lhe disse a mulher de um dos militares desta colônia, se informará V.E. das averiguações que tenho tomado sobre pontos que me carcam as instruções. 

Anexo apresento à V.E. o inventário do pouco armamento e munições encontrados em um dos ranchos da colônia e que deixados a cargo do subtenente Albarenga, que logo apresentará à V.E. a matrícula e haveres dos colonos com qualquer outro conhecimento que chegue a saber.

Também incluo à V.E. vários papéis de partes do comandante da colônia de Dourados e as comunicações tomadas de um chasque, pelas quais se vê que há mais de dois meses estão prevenidos para a fuga, oficialmente ordenada no caso que alguma parte de nossas forças apareça por aqui.

A tropa marcha com felicidade e demonstra o melhor ânimo para as próximas operações.

Deus guarde a V.E. muitos anos.

Guarda da colônia de Miranda, 30 de dezembro de 1864.

FRANCISCO RESQUIN.

FONTE: El Semanário (PY) Assunção, 7 de janeiro de 1865.


29 de dezembro


1915 – Vespasiano Martins forma-se em Medicina

Havendo se matriculado com 20 anos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Vespasiano cola grau. Em 1925 faz especialização em cirurgia, em Paris e Viena. De volta ao Brasil, fixa-se em São Paulo, onde monta sua clínica e dirige a parte cirúrgica do Hospital Alemão. Em 1930 se estabelece definitivamente em Campo Grande. Sobre o cirurgião Vespasiano Martins fala Fernando Correa da Costa, seu colega de clínica e de política:

“Fui aluno de Brandão Filho, a grande estrela da cirurgia nacional de então, em cujo serviço da Santa Casa do Rio, desfilaram naquele tempo os ases da cirurgia de todo o continente. Fui interno de Fernando Magalhães, o homem que sistematizou para todo o mundo a operação cesária baixa. Fui ver em Buenos Aires os grandes operadores argentinos, com os irmãos Finocchieto à frente, e sinceramente não vi ninguém operar tão pessoalmente como Vespasiano. Em cirurgia ele era ele mesmo. E interessante que eu vindo da maior escola cirúrgica do país, peguei muito da técnica pessoal do nosso cirurgião autóctone.”

FONTE: Academia de Letras e História de Campo GrandeBiografia de Patronos, Campo Grande, 1973, página 19



29 de dezembro

1917 - Fundada a Igreja Batista em Campo Grande




Tendo como moderador da assembleia de criação o pastor Pedro Sebastião Barbosa, da Igreja Batista de Corumbá, é fundada a Igreja Batista de Campo Grande, que funcionou inicialmente em prédio alugado à rua Barão de Rio Branco esquina com a rua 13 de Maio. Silidônio Urbieta foi o seu primeiro pastor. "Na tarde festiva de 9 de maio de 1919 - segundo Carlos Trapp - na presença de, aproximadamente, 150 pessoas, entre as quais o lendário missionário batista, Dr. Wilian B. Bagby, foi assentada a pedra fundamental do 'nosso templo batista, em construção na cidade' ", em área doada pelo coronel Bernardo Franco Baís, à rua Treze de Maio, entre a Barão do Rio Branco e a Dom Aquino, onde funciona até os dias atuais.


FONTE: Carlos Osmar Trapp, Evangélicos em Campo Grande, origens e desenvolvimento, Associação Evangélica Brasileira, Campo Grande, 1999, página 21.

28 de dezembro

 28 de dezembro


1864 - Paraguaios ocupam forte Coimbra



Após três dias de batalha, o coronel Porto Carreiro, comandante brasileiro do forte Coimbra, decide abandonar a fortaleza, imediatamente ocupada pelo inimigo. Os pormenores dos combates, averbados pelo vencidos, estão no relatório do comandante Vicente Barros ao ministro da Guerra e Marinha do Paraguai:



Senhor  Ministro:



Tenho a honra de levar ao conhecimento de V.E. o resultado das operações feitas pela força sob meu comando em cumprimento da comissão a mim confiada pelo Exmo. Senhor  Presidente da República.

Depois de uma rápida e feliz viagem,  a expedição ancorou em frente de Coimbra na noite de 26 do corrente, e imediatamente depois fiz desembarcar parte da força de meu comando na costa esquerda do rio Paraguai à distância de uma légua mais abaixo do forte, de onde mandei proceder  ao reconhecimento do terreno,  ocupado as posições estratégicas mais importantes que deviam servir de pontos de operações  à divisão expedicionária e de onde podia bombardear com vantagem,  esperando desalojar a guarnição do forte.
O vapor de guerra brasileiro Anhambay com outro mais novo, que marchou no mesmo dia rio acima encontravam-se no porto, o qual colocando-se mais tarde à proteção do forte, contribuiu poderosamente  em sua defesa.

Feitos todos os preparativos necessários, despachei a um oficial parlamentário para notificar ao comandante do forte a intimação de rendição que tenho a honra de anexar uma cópia à V. E. Esta intimação mereceu do dito comandante a contestação, cuja tradução também junto.

Depois da negativa do comandante do forte de Coimbra decidi apelar pelas armas. E com efeito, cerca das 11 do dia mandei romper o fogo. A princípio somente as canhoneiras grossas sustentaram o combate contra as baterias inimigas, porém logo tomaram parte peças volantes, cuja colocação na fralda do morro fronteiriço a Coimbra representava alguma dificuldade, e que bem colocadas, fizeram algum efeito em seus tiros acertados na fortaleza e sua guarnição.

Aos dois dias de bombardeio, oportuno fazer uma tentativa de assalto; a qual se lvou a efeito às duas da tarde do dia 28 do corrente, com mais ardor do que a prudência aconselhada. Parte da força que ocupa a fralda da colina de Coimbra ao mando do sargento-major Luis Gonzalez, avançou rapidamente em direção aos muros do forte por meio de quatro fendas diferentes abertas abaixo do mais sustentado fogo da artilharia do forte, por todas as peças que batem a fralda do morro. No momento de acercar-se à muralha nossos soldados receberam uma torrente de balas, metralhas e granadas procedentes tanto do forte como do vapor inimigo. Mas os paraguaios, conservando sempre sua serenidade e com uma decisão e arrojo admiráveis, avançaram sempre sobre aqueles de seus mesmos companheiros de armas que primeiro haviam vertido seu sangue por sustentar os direitos da Pátria. Muitos conseguiram assim alcançar os altos muros do forte, sendo quase invariavelmente rechaçados à ponta de baioneta ou vítimas das granadas que eram atiradas ao pé do muro.

O assalto foi executado com toda a velocidade que recomendam as ordens, porém visto as grandes dificuldades que lhes impediam o passo, tanto por parte dos defensores do forte, quanto pela natureza desvantajosa do terreno, se retiraram os nossos recuando-se sobre esta reserva, levando consigo a maior parte dos feridos.

Nesta jornada distinguiu-se o benemérito subtenente de 1ª. Classe da 3ª. Companhia do batalhão n° 6, Juan Tomas Rivas, que dando um nobre exemplo à sua companhia foi o primeiro pisando os cadáveres de seus companheiros conseguiu subir o muro por duas vezes, repelido na primeira e caindo na segunda de um balaço na frente a aumentar o número dos que com seus gloriosos restos escalavam desde o pé do muro. Este digno oficial da Pátria, caiu heroicamente dos altos muros de Coimbra, deixando um assinalado exemplo para seus companheiros, por sua decisão, serenidade e bravura.

O sub-tenente 2° da companhia de caçadores do batalhão n° 7, Manuel Lopez, não caiu menos gloriosamente de um capacete de bomba na frente, conduzindo a companhia sob seu comando,  a cuja cabeça seguiu até que desfaleceram suas forças.

Durante a séria ameaça do alferes Rivas lograram escalar e penetrar na praça por um de seus flancos o sargento Laureano Sanabria e 7 companheiros da companhia que o batalhão n° 7 tinha ali de serviço, e lutaram corpo a corpo, até sair fora de combate todos eles, mortos ou feridos, à exceção do soldado Pedro Castellano a quem ao descer  do muro conseguiu escapar ileso.

Pelo que se vê a fortaleza era sustentável, porém podendo tentar-se com esperança outro assalto com os conhecimentos adquiridos na primeira tentativa e o exemplo de haver podido assaltar os muros o sargento Sanabria e seus valentes companheiros, tomei as medidas necessárias para o dia seguinte,  fazendo entre outras que as peças da companhia situadas à esquerda do rio, à ordem do capitão Almiron, tomassem uma posição mais conveniente para impossibilitar o fogo do Anhambay, cortando-lhe sua retirada, afim de que nãopudesse escapar, porém  a guarnição do forte, apercebendo-se destes movimentos e tremendo ante a ideia de uma assalto mais estudado com o conhecimento que havia adquirido da intrepidez de nossos soldados, aproveitando-se  da escuridão da noite e ao abrigo das brenhas, fugiu precipitadamente, amparando-se no vapor Anhambay para escapar rio acima, levando o soldado já citado, Pedro Castellanos e deixando um ferido de sua nação. Até aqui o tenente-coronel Porto Carreiro havia feito boa defesa da inexpugnável  fortaleza que comandava.

Depois da fuga da guarnição que, sem dúvida, receosa dos ataques para o dia seguinte, a fortaleza foi ocupada pela guarda que lhe era mais imediata e desde o dia de ontem a bandeira nacional tremula sobre os muros de Coimbra, que caiu ao nosso poder com 37 canhões, sua bandeira e o estandarte de sua guarnição, centenas de armas portáteis de toda classe, com um parque imenso, víveres, roupa feita e de uso, assim como outros objetos, como maestranza, botica, serviço de oratório, uniformes de oficiais, decorações,etc.

Não é possível, senhor ministro dizer à V.E. o número nem classe de mortos dos inimigos, porque forma jogados n’água, porém, pelos rastos de sangue encontrados e os projéteis explodidos, esse número não deve ser insignificante.
Do nosso lado, nós não tivemos na classe oficial mais perdas do que os dos homens corajosos que eu mencionei e a tropa, constante da lista anexa, cujo número considero pequeno, considerando que nossos soldados combatiam contra as muralhas e a completa vantagem dos inimigos, cuja mosqueteria era  invisível aos nossos soldados, fazendo seu fogo pela abertura de seus parapeitos.

Como V.E. observará pela lista de feridos que tenho que acompanha nesta classe se encontra o sargento-major Luis Gonzalez e os sub-tenentes Manuel Nuñes e Plácido Mendez, não sendo por enquanto de caráter grave suas feridas. O major Gozalez tem sustentado bem o posto que lhe foi confiado.
Eu devo felicitar ao Exm°  Señor  Presidente da República e à Pátria, pelo bizarro comportamento das tropas de meu comando em Coimbra, porque a resistência de uma fortaleza de séculos, provou tão vantajosamente dos brios dos soldados da Pátria.

Amanhã empreenderei minhas operações sobre Albuquerque e Corumbá onde espero encontrar os fugitivos deste forte.

Fortaleza de Coimbra, 30 de dezembro de1864.

Deus guarde à V.E. muitos anos.

VICENTE BARRIOS

FONTE: El Semanário, Assunção (PY), 7 de janeiro de 1864. 

FOTO: vapor brasileiro Anhambay,exposto no parque Vapor Cuê, em Caraguataí, Paraguai.



28 de dezembro

1876 – Dom Luis nomeado bispo de Mato Grosso



Para suceder a dom José Antonio dos Reis, falecido em onze de outubro, é nomeado bispo da província de Mato Grosso, o maranhanse dom Carlos Luis D’Amour, que chegou a Cuiabá em de maio de 1879.
Último bispo do Império e primeiro da República, ficou à frente do arcebispado até julho de 1921, quando faleceu, sendo substituído por dom Aquino Correa. Dom Luis foi o primeiro bispo a visitar Campo Grande.
  A vila chefiada por José Antonio Pereira foi a última a ser visitada pelo prelado cuiabano em sua primeira viagem ao Sul do Estado. 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 343.



28 de dezembro

1877 - Jornal de Corumbá anuncia descoberta de diamante em Coxim

Com notícia atribuída ao jornal O Iniciador, de Corumbá, a Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, dá destaque à descoberta de um grande veio de diamantes, descoberto na freguesia de S. José de Herculânia (Coxim):

"Mais de uma vez referindo-nos as imensas riquezas desta província, que jazem inexploradas por falta de braços e de iniciativa particular, temos falado de sua prodigiosa riqueza do reino mineral, asseverando que o ouro, a prata e os diamantes abundam tanto, que só esperam o trabalho de extraí-los do seio da terra, pois suas jazidas não mais ou menos sabidas. A importante descoberta que se acaba de fazer em S. José de Herculânia de uma riquíssima mina de brilhantes é uma prova de que quanto temos afirmado não são puras declamações.

Há muitos anos se sabe no Coxim (S. José de herculânia) existem terrenos diamantinos, e muita gente mesmo que se dedicava à mineração tinha tirado algum resultado, que cobrindo as despesas feitas, deixava ainda lucros; porém, ou porque o trabalho se fizesse em pequena escala ou porque não minerassem nas verdadeira jazidas de diamantes, esses resultados nunca foram tais que prometessem uma riqueza àqueles que se ocupassem daquele trabalho. Hoje, porém, acaba de descobrir-se a poucas léguas da freguesia de Herculânia uma mina de diamantes, que promete esplêndidos resultados àqueles que empreenderem sua exploração.

Não se trata já de algumas pedras encontradas aqui e ali de diminuto tamanho, e que não compensam os gastos da extração, trata-se de uma verdadeira jazida de diamantes, cujos proveitosos resultados dependem apena de uma exploração bem empreendida. Com efeito, , o trabalho até hoje feito pelo sr. alferes honorário Vicente Ferreira Valente e seu sócio tem sido para assim dizer, superficial e não obstante tem dado bons resultados, os magníficos brilhantes em exposição na casa dos srs, Firmo José de Matos & Cia. são uma pequena amostra do que vale a mina.

Que resultados, porém, não dará a ela quando for inteligentemente explorada em maior escala, com maior número de braços e quando se adiantar a mineração que até agora tem sido feita superficialmente nas primeiras camadas?

É indubitável que esta importante descoberta fará, em breve tempo, da freguesia de S. José de Herculânia uma das primeiras cidades da província, e que esta vila muito lucrará com ela, pois será o mercado onde se terão de prover do necessário os habitantes de Herculânia, cuja população aumentará logo, não só com gente mesmo da província que para ali já está afluindo em grande escala, como da província de Goiás, que lhe fica vizinha.

Conta-nos que diversas pessoas desta vila preparam expedições comerciais para S. José de Herculânia, e se prometem pingues resultados da venda das mercadorias que para ali conduzirem, pois, segundo dizem, delas havia falta.

É provável que sua esperança, aliás, bem fundada, se realize, principalmente para os primeiros que lá chegarem; quanto a nós, fazemos votos para que tomem impulso as explorações empreendidas, e não duvidamos afirmar que a descoberta das minas de diamantes do Coxim, colocadas como estão ao alcance de todos, à margem do rio e junto a frondosas matas, vem abrir uma era de prosperidade e progresso para província de Mato Grosso".

FONTE: Gazeta de Notícias (RJ), 28 de dezembro de 1877.



28 de dezembro

1913 - Governador recebe Roosevelt 

Sede da fazenda São João, propriedade da família do governador Costa Marques.


Impossibilitado de passar por Cuiabá, em sua excursão por Mato Grosso, o ex-presidente Theodoro Roosevelt, dos Estados Unidos, foi oficialmente recebido pelo presidente de Mato Grosso, após estadia em Corumbá, na fazenda São João, pertencente a familiares do chefe do executivo estadual, localizada à cerca de 30 quilômetros da capital. O encontro do governador José Augusto da Costa Marques com o estadista americano foi registrado por Roosevelt em suas memórias da viagem:

Na manhã do dia 28 alcançamos a sede da grande fazenda São João, de propriedade do sr.João da Costa Marques. Ele, seu filho mais moço do mesmo nome, que era Secretário de Agricultura do Estado, sua encantadora esposa, o Presidente de Mato Grosso e vários outros cavalheiros e senhoras, vieram de Cuiabá, que ficava a uns trinta quilômetros acima, para cumprimentar-nos. Fomos, como sempre, tratados com grande cordialidade e generosa hospitalidade. A comissão de recepção nos encontrou algumas milhas abaixo da casa da fazenda,em um vapor de leme de roda e uma lancha, ambos enfeitados com profusão de bandeiras. A belíssima casa branca da fazenda se erguia à pequena distância da borda do rio, numa campina pontilhada de lindas palmeiras reais.

Da fazenda São João a expedição, que tinha como comandante o coronel Cândido Rondon, seguiu para Cáceres e de lá para o norte do Estado.


FONTE: Theodore Roosevelt, Nas selvas do Brasil, Editora da USP/ Livraria Itatiaia Editora, Belo Horizonte, 1976, página 82. 

FOTO: reprodução do Album Gráfico de Mato Grosso, 1914.

30 de junho

  30 de junho 1791  –  Guaicurus recebem carta patente Guaicurus, os senhores do Pantanal Os chefes guaicurus Queima e Emavidi Xané são agra...