quinta-feira, 30 de novembro de 2023

18 de maio

 18 de maio



1847 - Deputados congratulam ao rei pelo nascimento da princesa Isabel




A Assembléia Legislativa provincial encaminha ao imperador d. Pedro II, por ocasião do nascimento da princesa Isabel, a seguinte mensagem:

Senhor. - A Assembléia Legislativa da Província de Mato Grosso, reconhecendo que o nascimento dos príncipes marca sempre uma época de feliz recordação para as nações e tendo a Divina Providência, que lhe sempre incansável em proteger o Império de Santa Cruz, mimoseando-o com o fausto nascimento da augusta princesa a sra. Da. Isabel, mimoso fruto de uma prole, que jamais deixará de ser a cara do povo brasileiro, vem fiel e pressurosamente depositar ante os degraus do Trono Augusto de Vossa Majestade Imperial e Constitucional a efusão do júbilo e excessivo prazer que sente em ver cada vez mais perpetuada a Dinastia do Imortal Fundador do Império do Brasil, com a existência de mais uma Princesa que cheia de virtudes, servirá de garantia à grande família brasileira.


A Assembléia Legislativa Provincial de Mato Grosso, Senhor, saudando por esta maneira o berço da jovem e magnânima Princesa, rende à Vossa Majestade Imperial os sinceros votos e protestos de adesão, e sincera fidelidade, e roga ao céu queira ser-lhe tão propício quanto Vossa Majestade Imperial o é a toda a nação brasileira.

Deus guarde e dilate por muitos anos a preciosa existência de Vossa Majestade Imperial, como lhe mister. - Paço d’Assembléia Legislativa Provincial, em Cuiabá, 18 de maio de 1847. - Manoel Alves Ribeiro, presidente .- Ayres Augusto d’Araujo, 1° secretário. - Manoel Pereira Mendes, 2° secretário.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 242.





18 de maio



1866 - Guerra do Paraguai: Taunay com os refugiados de Miranda



Dos Morros, onde está há dois meses, o tenente Taunay, da comissão de engenharia da expedição brasileira, enquanto esperava as tropas vindas de Coxim, escreve à sua irmã Adelaide no Rio de Janeiro:

Estamos numa furna da serra de Maracaju junto ao rio Aquidauana com os refugiados de Miranda e esperamos as forças que só poderão cá estar no fim do mês. Com os fugitivos acompanharão os aldeamentos índios Quiniquináus, Terenas, Guanás e Laianas que são a distração daqui. Já vou falando menos mal a língua e todos se admiram , inclusive a cabocolagem que se ri a valer da minha facilidade em sustentar longa conversa com esses amáveis filhos da Natureza. A raça em geral é toda bonita: muita moça que dá muchochos e arrebita a venta no Rio, quereria ter os belos olhos e o talhe de cara de uma dessas pobres criaturas que com a invasão paraguaia perderam os poucos trapos que tinham e quase andam às nuas como diz o Arnesto.


FONTE: Taunay, Mensário do Jornal do Comércio, Rio, 1943, página 163.


18 de maio

1883 - Nasce em Cuiabá, Eurico Gaspar Dutra




Filho de José Florêncio, combatente da guerra do Paraguai, e Maria Justina Dutra, nasce em Cuiabá, Eurico Gaspar Dutra. Militar e político, foi ministro da Guerra na ditadura de Getúlio Vargas e primeiro presidente da República, eleito depois do Estado Novo. 

Batizado em 15 de agosto de 1883, foram seus padrinhos Joaquim Pinto de Souza e Maria Cecília de Souza Menezes, em cerimônia religiosa celebrada pelo cônego Joaquim dos Santos Ferreira, na capela N.S. do Rosário do Coxipó do Ouro.

Iniciou seus estudos em Cuiabá, tendo como primeira professora Bernardina Richie, na Escola Municipal. Ainda na capital de Mato Grosso estudou o Externato São Sebastião e no Liceu Cuiabano, então dirigido pelos padres salesianos. Foi colega do jovem Aquino Correa, mais tarde arcebispo e governador do Estado. 

Em 1892, com apenas 16 anos de idade, sem o conhecimento dos pais, alistou-se na tropa do coronel Totó Paes, que disputava o poder com Generoso Ponce, chegando ao posto de sargento.

Reprovado por junta médica em Cuiabá, ingressou na carreira militar, após segunda tentativa, em Corumbá, de onde foi destinado à Escola Preparatória Tática de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul.

FONTE: Mauro Renault Leite e Novelli Júnior, Marechal Eurico Gaspar Dutra: o dever da verdade, Editora Nova Fronteira, RJ, 1983, página 12.

FOTO: general Dutra na II Guerra Mundial.



18 de maio

1933 - Morre o marechal Annibal da Motta, combatente na retomada da Corumbá

Faleceu em Cáceres, aos 88 anos, o marechal Annibal da Motta, um dos últimos sobreviventes da guerra do Paraguai. Participou ativamente da retomada de Corumbá, sob o comando do coronel Maria Coelho e a sua fé de ofício "foi uma das mais brilhantes do exército brasileiro"¹

Na República, em 1892, o então major Annibal da Motta, ainda sob a orientação política de seu tio, Antonio Maria Coelho, com o coronel João Barbosa, participou em Corumbá e Cuiabá do fracassado golpe militar contra o presidente Manoel Murtinho.²

FONTE:¹Diário da Noite (RJ), 19/05/1933; ²O Matto-Grosso (Cuiabá), 09/02/1892.



18 de maio

1937 - Diamante gigante roubado no garimpo de Rochedo

Notícia publicada na edição de 18 de maio de 1937, no jornal "Gazeta de de Notícias" (RJ) dá conta do furto milionário de uma pedra de diamante num garimpo de Rochedo, próximo a Campo Grande. A tentativa de elucidação do crime chegou a mobilizar o comando da 9a. Região Militar de Campo Grande, segundo informações dadas pelo comandante militar, coronel Alberto Duarte Mendonça, ao jornalista Archimedes Pereira Lima:

"Sobre o vultoso roubo ocorrido nos garimpo de Rochefo, neste município, de um descomunal diamante de valor - ao que tudo se calcuka acima de mil contos de réis e o desaparecimento do seu possuidor, o garimpeiro Antonio Rompedor, que se supõe ter sido assassinado. fez-nos o comandante da 9a. Região, com as seguintes
declarações:
- Este diamante, que foi a pricípio avaliado em 380 contos, deve valer pelas informações do garimpeiro Paulino de tal, que se acha preso na cadeia pública e foi a única pessoa que viu o valioso carbono, mil e muitos contos, segundo o cálculo das pessoas entendidas. Estou empenhado no esclarecimento do mistério que envolve o caso e espero tudo descobrir. Várias pessoas suspeitas de cumplicidade no caso se encontram presas algumas na cadeia pública e outras por complicações com a Lei de Segurança nos quartéis federais".

FONTE: Gazeta de Notícias (RJ) 18 de maio de 1937.
  



18 de maio

1939 - Selvino Jacques é mortalmente ferido



Surpreendido por uma captura chefiada por Orcírio dos Santos, na beira do rio da Prata, o célebre bandoleiro gaúcho é atingido. Brígido Ibanhes descreve o cenário e os detalhes de sua última luta, contra patrulha comandada por Orcírio dos Santos, pai do ex-governador Zeca do PT:

Sempre patrulhando seguiram o rio da Prata e quando estavam para chegar no Passo da Aroeira, algo chamou a atenção do Horácio, o mais novo dos Santos ali na captura. 

Fazia uma manhã fria e nevoenta perto do rio, e a cerração serpenteava seguindo o curso do Prata pelo meio do cerrado. O Orcírio, o Alcides e mais três companheiros iam na frente e o Dinarte, com o resto do grupo, ia a uns cem metros atrás. Orcírio ia discutindo com o Lito Ferreira.
- Sabe, Orcírio, nesta mesma hora passamos por aqui da outra vez.
Lito se zangava à toa e o Orcírio só para provocá-lo olhou o seu relógio como se estivesse conferindo a informação. O relógio marcava 9:15 horas do dia 18 de maio.


Nisso o Horácio exclamou:
- Lá vem um grupo!

Orcírio virou o rosto e viu o grupo que vinha fora da estrada, a cerca de trezentos metros. Falou como se analisasse consigo mesmo:
Campeiro não pode ser nesta hora. Vamos reconhecer!


Normalmente o campeiro sai na madrugada e nessa hora já estaria devorando o seu arroz carreteiro ou tomando seu tererê.

Virou o corpo sobre o apero e fez a senha para o Dinarte para que ele avançasse, e assobiou para o Alcides que ia mais na frente, mas ele não escutou. Mandou o negrão Fortu galopar e avisar o Alcides.

O grupo que era o bando do Jacques, ainda não tinha visto os dos Santos e vinham a passo lento meio acobertados pela neblina, varando a beira do mato, uma restinga de chirca.

E lantamente iam passando.

A cem metros na retaguarda do grupo ia um cavaleiro puxando um bagual e foi esse que primeiro viu a captura.

Os que iam na frente na captura apuraram o trote e galoparam para se aproximar. O tipo que cabresteava o bagual tentou apurar o trote, mas o bagual não quis acompanhar. Em desespero cortou o cabresto e largou o animal. Deu um curto assobio, sinal do perigo e o grupo se virou. Todos viraram com os cavalos, e os lenços vermelhos apareceram...

- São eles mesmo, rapaziada! - gritou o Orcírio.

E já atropelaram o bando numa louca disparada. Sem dar um tiro começaram uma correria, com intensa gritaria, como se atropelassem gadaria chucra.
Depois de cerca de um quilômetro de disparada um se desgarrou do bando, montado num rosilho escuro e galopou em direção ao alto de um morro. O Dinarte tentou atropelá-lo mas o cavalo não rodou, o mesmo acontecendo com Antônio Garcia.


Orcírio gritou ao Horácio:

- Olhe lá naqueles cerrados é capaz deles querer se entrincheirar, mas vocês não deixem! Do jeito que vão vocês metem em cima e deixem aquele por minha  conta. (...)

Selvino balanceava o Povoeiro ao lado da cerca para evitar ser atingido e atirava com o fuzil de canhota, na expectativa de ferir alguém da captura, fato que lhe daria tempo para a fuga.

Desistiu de atirar e puxou o alicate cortador de arame da presilha da guaiaca e se inclinou em cima do Povoeiro para atorar o primeiro fio do alambrado.
Sentiu a forte pancada da bala acima do rim esquerdo, sentiu o chumbo quente em sua trajetória mortal rasgando o interior do estômago e escapulir por baixo da axila direita. Com o golpe da bala do fuzil escorregou da montaria e bateu o rosto no mourão, cambeleou e caiu. O Antônio Paim e o Bica Braga rapidamente arrastaram-no para mais perto do mourão da cerca, para protegê-lo de outro tiro.


- Ajudem-me ... segurem-me... - pediu ao Trovão, que perplexo o fitava incrédulo.

A Raída, entendendo que o seu homem queria brigar e tomada de uma raiva surda, num movimento brusco escorou-se no mourão e abraçou-se por detrás de Selvino e o soergueu, foi quando puxou e levou o quarenta-e-quatro na mira. Sua mão já não empunhava com tanta firmeza a coronha do revólver, mas a determinação era grande.

Do outro lado do brejo um deles mirava com o fuzil. Certamente fora aquele que o acertara. O Selvino mirou na altura do seu rosto e atirou. Viu o tipo sentar junto com o estampido do quarenta-e-quatro, acertou. Do outro lado o Horácio descia lentamente para o chão, baleado na testa.

Selvino morreria no dia seguinte e Horácio dos Santos morreu minutos depois de ser baleado.





FONTE: Brígido Ibanhes, Selvino Jacques o último dos bandoleiros, o mito sul-matogrossense, 2a. edição, João Scortecci Editora, S.Paulo, 1995, página 280.






30 de novembro

 30 de novembro



1884 - Colocada a pedra fundamental da igreja de Ladário




Em cerimônia dirigida pelo frei Mariano, vigário de Corumbá, foi colocada a pedra fundamental da igreja Nossa Senhora dos Remédios em Ladário. A história do ato solene é contada em ata, publicada no semanário O Iniciador (de Corumbá) em 25 de dezembro de 1884, a qual reproduzimos: 






30 de novembro

1907 – Bento Xavier inicia movimento separatista





O coronel riograndense Bento Xavier, egresso da revolução federalista, realiza reunião de fazendeiros e líderes políticos do Sul do Estado, em Bela Vista para aprovação de um projeto que visava, através de um consenso entre situação e oposição, a luta pela independência do Sul do Estado, conforme denúncia do governador:


...Bento Xavier, que desde o mês de julho tinha grupos armados nas cabeceiras dos rios Apa e Estrela, começou a convidar por escrito a inúmeras pessoas para comparecerem armadas e em companhia dos amigos, também armados, que conseguissem reunir, na povoação de Bela Vista e no dia 30 de novembro, sob o pretexto de assistirem a uma manifestação de apreço à sua pessoa, dirigida e promovida pelo major Camilo Brandão, fiscal do 7º regimento de cavalaria, estacionado na referida povoação. Essa manifestação consistiria na oferta do seu retrato a Bento Xavier e de um adereço de brilhantes à sua esposa. Para levá-la a efeito, o major Brandão distribuía profusamente listas de subscrição pela região do Sul, tendo convidado por carta ao dr. José João de Oliveira Pires, advogado e residente em Nioaque, para ser o orador por parte dos manifestantes.

Que, porém, essa manifestação era apenas um pretexto, e não o verdadeiro fim da projetada reunião, se deduz não só da condição expressa nos convites, de comparecerem armados os convidados, como também de em tais convites acrescentar Bento Xavier, ora que ainda na reunião se trataria de eleger, de acordo com o governo do Estado, um amigo capaz de ser o chefe e de, prestigiado por todos, dirigir-se ao mesmo governo em qualquer assunto que fosse necessário; ora que nela se trataria da defesa da sua pessoa, ameaçada de um assalto de seus adversários; ora que dela resultaria a União do Sul; sendo que a Anacleto Rodrigues, Bento Xavier dissera, em meado de setembro, que seu seu intento, reunindo o povo, era fazer ao governo do Estado exigências excessivas, esperando não ser atendido, para então proclamar a separação do Sul e fazer uma revolução que duraria dois anos, afim de que fossem saqueadas as fazendas e ele e seus amigos se arranjassem, pois era tempo disso. 

Na citada reunião Bento Xavier lançou as bases de sua “Revolução da Paz", que continha, entre outros pontos, a independência política da região Sul do Estado.Consta não ter havido aprovação por parte da maioria dos presentes aos planos de Bento Xavier. O conflito armado, que durou cinco anos, foi precipitado pelo governador Generoso Ponce que, imediatamente após à citada reunião, iniciou implacável perseguição ao líder gaúcho e seus seguidores, invadindo suas propriedades e forçando-os ao refúgio no Paraguai. A guerra foi a resposta de Bento Xavier à repressão policial e a expropriação de seus bens.

 
FONTE: Generoso Ponce Filho, Generoso Ponce, Um Chefe, Pongetti, Rio de Janeiro, 1952, página 499.

FOTO:Correio da Manhã (RJ).




30 de novembro

1914 - Conflito entre exército e policia em Campo Grande



Motivado por questões político-partidários, segundo denúncia do governo do Estado, deu-se em Campo Grande conflito entre praças do 5° Regimento de Artilharia do exército e o destacamento policial da cidade.

De acordo com  a versão oficial, "um grupo de 60 praças do dito Regimento, aliciado e dirigido por alguns inferiores, que por sua vez eram instigados pelos chefes oposicionistas daquela localidade, acoroçoados por alguns oficiais seus superiores, atacaram o quartel do destacamento policial".

"Felizmente - enfatiza a mensagem - o oficial comendante do destacamento, tenente Saladino de Souza Nunes, conseguiu penetrar no quartel, com as praças que ali se achavam e defendeu heroicamente o seu posto, pondo em debandada os atacantes, que perderam um sargento e uma praça".

Por fim o relato do presidente do Estado, divide-se em denúncia à oposição e providências tomadas:

Estes fato. tão deprimentes da nossa civilização e da disciplina militar, foram as consequências da atitude de franca hostilidade ali assumida pelo major Archimino, então comandante do referido Regimento e pelos tenentes Otto Feio e Carlos Aleixo, contra as autoridades constituídas e favor de uma pequena oposição irriquieta e turbulenta, que ali se tinha organizado contra a situação, acoroçoada por esses oficiais e chefiada pelo tenente Severiano Marques e José Santiago, ex-vice-intendente do Município.

Antes desse conflito e por ordem dos referidos oficiais foram presas e recolhidas ao xadrez do 5º Regimento as praças de polícia que faziam o policiamento daquela vila; e depois do mesmo ainda foi agredida e assassinada uma praça policial, por um sargento daquela guarnição.

De todas essas lamentáveis ocorrências dei ciência ao sr. Ministro da Guerra e, não foi sem grande dificuldade, que se conseguiu o afastamento desses oficiais daquela localidade, que logo em seguida entrou na sua vida normal de ordem e respeito às autoridades constituídas.

Para sindicar daqueles fatos e apurar a responsabilidade dos seus autores, fiz seguir para ali o dr. chefe de polícia, em cujo relatório encontramos todos os esclarecimentos a respeito, e, nos termos do art. 171, n.20, do Dec. n. 324, de 1 de fevereiro de 1913, o juiz de Direito de Aquidauana.

A versão da oposição para o episódio foi publicada no jornal do Partido Republicano (PRMG), em sua primeira edição depois do conflito, conforme despacho de seu correspondente em Aquidauana:

O mês de novembro terminou na vizinha vila de Campo Grande por um ato que, a par do deponente do governo, trás o pânico e a falta de tranquilidade à sua laboriosa e pacífica sociedade.

Ei-lo: anteontem pelas vinte e duas horas a força policial atacou o quartel do exército, saindo os praças deste ao encontro dos atacantes resultou na morte de um sargento da força federal. Não fosse a enérgica intervenção dos bravos capitães Moraes e Rogaciano, lamentáveis ocorrências teriam-se dado. Este fato é uma consequência da atitude de vandalismo dos governistas, que veem no regimento do exército, ali aquartelado, um obstáculo para perseguirem aos seus degradantes crimes.

Na opinião dos governistas esse ataque tornava-se necessário para promover a saída do regimento dali. Os atos de vandalismo dos governistas têm as famílias alarmadas, cruzando o renhido tiroteio uma impressão detestável. As casas de famílias em geral se conservam com a frente fechada. A estrada de ferro requisitou do comendante da força federal um destacamento para manter a ordem, perturbada pela polícia. Corre como certo naquela vila, ser intuito do governo lançar os oposicionistas a revolução, contando com a intervenção federal para aniquilá-los. Quanta perversidade! Até onde irá o governo na sua repugnante ação contra os oposicionistas?² 


FONTE: Presidente Costa Marques, Mensagem à Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Cuiabá, 1915. ²Jornal O Matto-Grosso, Cuiabá, 2 de dezembro de 1914.


30 de novembro

1927 – Dom Aquino toma posse na ABL


Eleito em 9 de dezembro de 1926, Dom Aquino Correa toma posse na Academia Brasileira de Letras. É o primeiro mato-grossense a ocupar cadeira naquela casa. O discurso de recepção ao novo integrante do mais importante sodalicio brasileiro foi proferido pelo acadêmico Ataulfo de Paiva.

De sua farta contribuição à poesia brasileira, singela homenagem à sua cidade natal:



CUIABÁ

Lá no meio da selva verdejante
Num pedaço de terra solitária,
Banhada pelo sol fulvo e cantante,
Existe uma cidade legendária...

É a bela Cuiabá, bicentenária
Que tem o pedestal de ouro ofuscante,
Onde chegou o bravo bandeirante
Em busca da riqueza extraordinária.

Oh! Cuiabá, das lendas brasileiras
Foste o sonho de glória das bandeiras
Eldorado de luz e de bonança.

O teu futuro está profetizado:
Foste a cidade de ouro no passado,
És a Cidade Verde na Esperança.



FONTE:  55 - Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 145.

FOTO: primeira página da Gazeta de Notícias(RJ)

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

12 de maio

12 de maio


1909 - Circula em Corumbá o jornal Correio do Estado



Inicia sua circulação em Corumbá, o jornal Correio do Estrado, de propriedade de Francisco Castelo Branco. Em sua apresentação o novo periódico firma sua fé de ofício:

"Ao entrarmos para a luta árdua da imprensa, um único ideal nos move - o progresso, - uma única estrela nos conduz - o bem. É esta a nossa profissão de fé, que devemos deixar bem patente, agora que já temos dado o primeiro passo nessa arena tumultuosa; e, seguindo as injunções do nosso patriotismo, tudo faremos para tocarmos a meta das aspirações populares".

Mais adiante, o editorial proclama a independência política do jornal:

"Não nos seduzem as lutas de partidos, e somente quando se tratarem de assuntos palpitantes, de questões capitais, em que entrem como objetivo os interesses do povo, seremos obrigados a analisar os atos dos depositários dos poderes públicos, afim de contribuirmos com a nossa opinião para a realização serena do progresso que, acima de tudo, é o nosso escopo".

FONTE: Correio do Estado, n° 1, 12 de maio de 1909.   

 

 12 de maio


1911 - Instalada a comarca de Campo Grande



Arlindo de Andrade, o primeiro juiz de Direito da comarca de Campo Grande


Criada pela lei n. 549, de 20 de junho de 1910, é oficialmente instalada a comarca de Campo Grande, fato marcado pela seguinte ata:

“Aos doze dias do mês de Maio, de mil novecentos e onze no edifício da Intendência Geral do Município, às doze horas, presentes do Presidente da Câmara Municipal, Intendente Geral do Município, suplentes de Juiz de Direito do termo extinto de Paz em exercício, Delegado de Polícia, Comandante do Destacamento Federal e pessoas representativas das diversas classes do município, abaixo assinadas, tomou assento entre as autoridades presentes o Exmo. Sr. Dr. Arlindo de Andrade Gomes e declarou que, tendo sido removido da Comarca de Nioaque para esta recentemente criada pela Lei n. 549, de 20 de julho de 1910, e em virtude do Decreto n. 277, de 16 de março de 1911, declarava nesta audiência extraordinária instalada a Comarca de Campo Grande, transmitindo ao governo o seguinte telegrama e idêntico ao Presidente do Superior Tribunal:

‘Excelentíssimo Senhor Presidente do Estado - conformidade aviso governo comunico-vos haver instalado hoje, nova Comarca de Campo Grande, presentes autoridades. Congratuo-me vossência pelo útil benefício prestado esta importante região Estado. Saudações. (a) Arlindo de Andrade Gomes.’


O Senhor Presidente da Câmara, em nome da municipalidade, declarou que a população de Campo Grande recebia a inauguração da Comarca com profunda alegria porque realizava-se uma aspiração antiga de seu povo com a justiça encarecida e prejudicada pela distância da sede da Comarca. Em seguida declarou o Sr. Juiz que nomeava a mim, escrivão do termo, escrivão interino do 1° Ofício e ao cidadão Tobias Santana da Silva, promotor interino. Lavradas e assinadas as respectivas portarias destas nomeações e nada mais havendo a tratar, deu o Senhor Dr. Juiz de Direito a Comarca por instalada, concedendo a esta audiência de cujo termo me foi ordenado cópia ao Superior Tribunal, indo assinado pelo Juiz e demais pessoas presentes. Dado e passado nesta Vila de Campo Grande, aos doze dias do mês de maio de mil novecentos e onze. (aa) Arlindo de Andrade Gomes, Amando de Oliveira, Antônio Norberto de Almeida, Enock Vieira de Almeida, José Santiago, Alves Quito, Bernardo Franco Baís, Clemente Pereira Martins, João Alves Pereira".


Era presidente da camara o vereador Clemente Pereira Martins e intendente geral José Santiago. 


FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980. Página 100.


12 de maio

1914 - Nasce em Piemonte na Itália, Felix Zavattaro, pioneiro do ensino superior em Mato Grosso do Sul


Padre Felix Zavattaro

Em junho de 1929, com apenas 15 anos, embarcou para o Brasil e ingressou na Pia Sociedade de São Francisco de Sales. Em 1930 iniciou em Lavrinhas, São Paulo, o noviciado. No mesmo ano apresentou o pedido de alistamento nas fileiras dos filhos de Dom Bosco. No ano seguinte completou os estudos de Filosofia.
Em 1932 iniciou sua carreira de professor em Goiás. Em 1933 veio para Mato Grosso, lecionar no Colégio Salesiano de Santa Tereza. Em 1936 regressou à Itália para cursar Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana.
Retornando ao Brasil, em 1947, foi trabalhar no Ateneu Dom Bosco de Goiânia, pertencente à Inspetoria Salesiana de Campo Grande. Novamente em Mato Grosso, assume a direção do Colégio Dom Bosco de Campo Grande, cargo que exerceu até 1955, quando é nomeado para o Colégio Salesiano de Lins.
Em 1961 assumiu outra vez a direção do Colégio Dom Bosco de Campo Grande e em 1961, com o padre Ângelo Venturelli funda a Faculdade Dom Aquino de Filosofia Ciências e Letras de Campo Grande.
Em 1964 é nomeado diretor da Rádio Educação Rural e do Jornal do Comércio, órgãos pertencentes à sociedade salesiana.
Em 1973, por iniciativa do deputado Cleômenes Nunes da Cunha foi agraciado com o título de cidadão mato-grossense. Em 1993 torna-se cidadão de Mato Grosso do Sul, por indicação de sua ex-aluna, deputada Marilene Coimbra. Em 1995 recebeu da Universidade Bom Bosco o título de Doutor Honoris Causa.
Foi membro da Academia Sul-mato-grossense de Letras e do Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso.
Faleceu a 23 de novembro de 1996, em Savona, Itália. 



FONTE: Maria da Glória Sá Rosa, Félix Zavattaro, o padre salesiano que marcou a cultura e foi precursor do ensino superior em Campo Grande, in Personalidades Série Campo Grande, ano IV, Fundação de Cultura, Esporte e Lazer, Campo Grande 2002, página 63.


12 de maio


1980 - Criado o município de Costa Rica


Sucuriu, o rio que garante o potencial turístico de Costa Rica


Pela lei 76, de iniciativa do deputado Waldomiro Gonçalves, sancionada pelo governador Marcelo Miranda, é criado o município de Costa Rica, desmembrado de Camapuã e com área territorial dos municípios de Camapuã, Casilândia, Paranaíba, Coxim e Água Clara. O primeiro prefeito foi João Gomes Sobrinho, nomeado pelo governador Pedro Pedrossian, que ficou no mandato até a eleição de Laerte Paes Coelho (PMDB) em 1982.

FONTE: Mariel Cunha: Costa Rica: história e genealogia, Editora Fenix, Campo Grande, 1992, página 205

11 de maio

 11 de maio



1867 - Guerra do Paraguai: combate de Nhandipá


Homenagem aos soldados paraguaios mortos no combate de Nhandipá

Na retirada das tropas brasileiras da fazenda Laguna, durante a travessia do rio Apa, em Bela Vista, fere-se o combate de Nhandipá, onde entraram em ação 3.000 homens de ambos os lados, caindo na batalha para mais de 100 combatentes. O confronto é descrito pelo major José Thomaz Gonçalves, comandante do Batalhão 21 de Infantaria:

O dia 10 foi de descanso, efetuando-se a 11 de manhã a passagem do rio Apa, com a qual gastou a força mais de 4 horas pela quantidade de animais e carros que passaram de uma margem a outra. Às 9 horas começou a marcha na ordem adotada anteriormente, caminhando-se perto de três quartos de légua sem avistarem-se inimigos.

Entretanto, os terrenos prestavam-se perfeitamente ao movimento da cavalaria, por serem ligeiramente ondulados e abertos em todos os sentidos. Observou-se, por isso, o maior cuidado, prevendo qualquer tentativa em que fosse ainda experimentado o valor brasileiro. Na realidade, às 11 horas do dia foi repentinamente atacada a linha de atiradores do Batalhão n° 17 de Voluntários que marchava na frente, por infantaria inimiga, a qual se seguiu uma furiosa carga de cavalaria que veio esbarrar contra aquele batalhão, abrindo-se em duas alas, que desfilaram a todo galope de um lado e de outro de nossa força, procurando penetrar na bagagem. O fogo que sofreu então o inimigo foi terrível. Cada batalhão formou quadrado com rapidez espantosa, indo muitos cavaleiros morrer espetados nas pontas das baionetas do intrépido Batalhão 21. A artilharia, metendo em bateria com extrema velocidade, fez fogo mortífero de granadas sobre a cavalaria paraguaia que deixou o campo alastrado de mortos e feridos. A perda do inimigo não foi inferior a 70 homens; a nossa foi de 19 mortos e 29 feridos, no número dos quais contam-se os tenentes do Batalhão 17, Joaquim Mathias de Assumpção Palestino que faleceu dois dias depois, e Fernando Monteiro que portou-se com muita intrepidez. 


Ainda essa vez como sempre, o campo ficou em nosso poder, dando-se sepultura aos mortos e recolhendo-se os feridos.

Um soldado paraguaio ferido declarou que o comandante da força inimiga era o major Martinho Urbieta e que o reforço esperado por este e pedido depois de conhecidos os movimentos da força brasileira, havia chegado, devendo-se reunir com brevidade, outro que já se achava em caminho.


Uma circunstância veio entristecer os espíritos depois de acabada a animação daquele glorioso combate: o gado que era trazido encostado ao flanco direito da força, havia desembestado com o estrondo das descargas, assim como os cavalos que serviam para tangê-lo. Eram os recursos de boca que repentinamente se escasseavam por modo desanimador, deixando a nossos soldados a perspectiva de 25 léguas de marcha com o inimigo sempre na frente e sem esperança de renovação da boiada". 




FONTE: S.Cardoso Ayala e Feliciano Simon, Album gráfico de Mato Grosso, Corumbá/Hamburgo (Alemanha), 1914, página 77.




11 de maio

1892 - Golpe contra Murtinho: Vacaria declara neutralidade


O distrito de Vacaria, por influência de Teixeira Muzzi, adversário político de Jango Mascarenhas, recusa adesão à contra-revolução, liderada por este no Sul e que visava devolver o poder no Estado ao presidente Manoel Murtinho, deposto em fevereiro por golpe chefiado pelo coronel Barbosa, comandante militar de Corumbá:

“ Vacaria, 11 de maio de 1892.


Os abaixo assinados confiados no apoio que deverão contar do brioso povo vacariano, manifestam-se francamente em os três artigos abaixo declarados, o que pretendem respeitar e aderir em relação ao movimento político que deu lugar à reunião havida no dia 26 de abril último, criada pelos cidadãos João Ferreira Mascarenhas, Eduardo Peixoto Freire Geraldes, Antônio Vicente de Azambuja e Augusto de Oliveira César conforme autorizam-lhes o convite que vos dirigiram e que dele fizestes ostensivo a nós outros.


"1º - Mantemos e respeitamos todas as autoridades legalmente constituídas por eleições; nomeações; e aclamações oportunas formais e legais - quer sejam administrativas, judiciárias, policiais, civis ou militares uma vez no exercício dos cargos que lhe são confiados não prevaleçam das influências oficiais que os cercam, e muito menos da força armada que é destinada a assuntos mui elevados: os da garantia da federação para com o estrangeiro.


"2º - Entregam-se em pessoa, suas influências, recursos e haveres, ao direito doméstico, civil e social, uma vez que seja preciso reprimir arbitrariedades cabalmente manifestadas e tudo quanto entrar no terreno do abuso, violências e desgarantias individuais e materiais.


"3º - Não se sujeitam a algum dever partidário; reservam a liberdade de votos por ocasião de eleições, pró ou contra este ou aquele partido.
Saúde e fraternidade.


"Antônio Gonçalves Barbosa Marques, José Rodrigues Monteiro Weber, Henrique José Pires Martins, João Caetano Teixeira Muzzi, Aprígio Barbosa da Siqueira, Guilherme Reinald, João Antônio Assis”. 




FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque evolução histórica e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 53.

30 de junho

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